Robert está em turnê pela América Latina (Foto: arquivo pessoal) |
Show faz parte do Festival Brasileiro de Cultura Surda, promovido pela Ufrgs.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) vai promover um festival diferente entre os dias 13 e 15 de novembro. A universidade será sede do Festival Brasileiro de Cultura Surda, que tem como intuito divulgar as produções culturais de cinema, literatura, teatro e artes visuais (mais informações em http://www.culturasurda.ufrgs.br). Um convidado especial estará presente no evento: Robert Farmer traz a peça ‘Rob Roy Show – Deaf Man Walking’, sucesso de público e crítica em Estados Unidos e Europa. Tamanha sua aceitação, fará também uma apresentação extra, aberta ao público em geral. Acontece no sábado, dia 19 (19h), no Auditório do Colégio ULBRA Especial Concórdia (Rua Cipó, 450 – Vila Ipiranga). Para uma amostra, veja o vídeo aqui.Atualmente, o ator se apresenta no Paraguai. De lá, antecipa uma entrevista, algumas perguntas ao Porto Cultura.
PC: Pergunta óbvia, mas necessária: como você se tornou ator?
RF: Sou ator desde o útero. Cresci vendo televisão, e como não havia legendas para que surdos pudessem acompanhar a estória, eu assistia e estudava toda a linguagem corporal e expressão facial dos atores. Quando novo, estudava principalmente Jerry Lewis e Charlie Chaplin. Também imitava vários outros atores e cantores.
PC: Foi difícil entrar para o teatro?
RF: Não foi fácil. Felizmente, meu ‘ponto de mutação’ aconteceu na Deafway II, um festival internacional de arte surda, em 2002. Eu me apresentei em uma cerimônia de abertura perante 9mil pessoas, de todas as partes do mundo. Você tem que ter 100% de certeza que é um bom show/esquete e colocar 101% de energia no seu desempenho. Você tem que ganhar os olhos do público!
É comum que amigos e familiares tentem te pressionar para profissões mais tradicionais, mas após alguns anos de turnês mundo afora, com sucesso, eles aprenderam a aceitar a minha carreira e me apoiam a seguir em frente. A crença em você tem que partir de dentro, não dos outros.
PC: Você já esteve na África, Europa e América do Sul. Como tem sido a aceitação do seu trabalho em diferentes culturas?
RF: Não tenho certeza do meu desempenho em países de diferentes culturas, mas imagino que deixo de lado minha própria cultura e tento me adaptar à sua bagagem cultural, me tornando sensível a sua crença, raça, ética e educação.
PC: Ele contribui para a desmitificação da surdez?
RF: Percebo que, de certa maneira, abriu os olhos de algumas pessoas – surdas ou não – e as conscientizou sobre a multinacionalidade da cultura surda. Muitos surdos tem sucesso no mercado de trabalho e tem vida normal, como qualquer outra pessoa. Mas tem também aqueles com baixa auto-estima, subeducados ou com autopiedade. Sim, existe discriminação por parte dos ‘ouvintes’, mas é nosso o papel de romper com estas barreiras. Temos que mostrá-los que a única coisa que não conseguimos fazer é ouvir!
PC: A língua de sinais não é universal. Mas o teatro visual, o é?
RF: O teatro visual pode ser entendido por qualquer pessoa, mas os surdos podem entendê-lo como uma língua internacional de sinais. O Brasil será o 39º país em que me apresento, com um pouco da língua internacional mesclado com noções básicas de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). A comédia, também o é, desde que trabalhada de acordo. Quanto mais você souber sobre a língua local, mais a plateia se sentirá em casa.
PC: O que as pessoas sem deficiência auditiva devem esperar de um de seus shows?
RF: Não espere nada, no começo – simplesmente apareça e veja o que um artista surdo tem a oferecer. Nos meus shows de comédia, tenho um intérprete para que os não-surdos possam entender o que está acontecendo. Sempre tenho retornos positivos.
Serviço
O que? Rob Roy Show – Deaf Man Walking, com Robert Farmer
Onde? Auditório do Colégio ULBRA Especial Concórdia (Rua Cipó, 450 – próximo ao Bourbon Shopping Country)
Quando? Sábado, 19 de novembro, às 19h
Ingressos antecipados pelo email cacaumourao@yahoo.com.br
Fonte: http://www.portocultura.com.br/2011/o-teatro-surdomudo-de-robert-farmer/
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